maio 15, 2007

A Terapeuta

Hoje foi mais um dia de encontro (ou melhor, sessão) com minha terapeuta. Engraçado se ver no lado oposto da coisa (mesmo não sendo psicóloga, mas TO, a sensação de ser cliente é interessante), pois você se coloca no lugar de seus pacientes. O local dos atendimentos, acredito eu que seja a casa dela, e observo cada objeto, cada mudança do setting (local do atendimento, para os leigos), o computador ligado - será que tem orkut, msn?? A amiga que indicou-a é também sua amiga, e às vezes sinto vontade de perguntar algumas coisas a ela sobre minha terapeuta, mas aí me controlo. Por que? Nessas horas me coloco no lugar de TO que sou. Muitos pacientes têm curiosidades sobre mim (principalmente se sou casada, tenho namorado...rs). Lembro de meu primeiro paciente, um esquizofrênico por indução de drogas, adolescente. Uma vez ele me pergunta que tipo de músicas que eu gostava. Por ser uma pergunta "tranqüila", respondi: rock. Ele fez uma enorme cara de espanto. Lógico que perguntei o porquê daquela cara e ele me respondeu: "Nunca imaginei que você gostasse desse tipo de música. Achei que você ouvisse somente música clássica, MPB, essas coisas mais calminhas". Foi bem legal aquele atendimento, e ajudou-me a trabalhar mais com esse paciente, criando um vínculo saudável. Mesmo assim, ainda existem aquelas perguntas que não respondo aos pacientes, principalmente as mais particulares, pois o objetivo ali não sou eu, mas sim cuidar deles, e é assim que penso com realação à minha terapeuta.

Um comentário:

Anônimo disse...

é nega, nada como a experiência... mas acho que vc pode perguntar algumas coisas para ela... o máximo que pode acontecer é ela não responder. Meu analista outro dia me disse algo sobre ele que eu nunca esperava! e tinha sim à ver com o contexto, ele foi ilustrativo. O terapeuta não precisa ser um enigma, uma esfinge. Claro que o lugar dele alí não é o de amigo, ele não vai trocar confidências contigo, como vc mesma escreveu, o objetivo é o outro, não ele.